quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Nossa Senhora do Sorriso - UMA LENDA CIGANA

A devoção à Nossa Senhora da Paz teve início no século XI, na cidade de Toledo, antiga capital da Espanha. Esta cidade foi evangelizada no início da era Cristã, sendo um dos maiores centros religiosos da antiga Europa onde foi construída uma célebre Catedral dedicada à Virgem Maria, muito venerada pelo povo, pois dizem que ali a Mãe Santíssima com o menino Jesus nos braços apareceu a Santo Hidelfonso.
Nesta época, a cidade era habitada por ciganos de origem moura. E embora houvesse um tratado de paz assinado entre o rei espanhol e eles, os espanhóis inconformados com as normas deste tratado resolveram durante a noite com homens armados expulsar todos os ciganos daquela cidade. Só que a notícia da expulsão vazou, e os ciganos souberam antes... Que na noite seguinte, seriam expulsos dali... Precisavam fazer alguma coisa... Tiveram então singular idéia... Cheios de tristeza saíram pelas ruas em procissão, velas e terços na mão, andor com uma estátua da Virgem, vestidos de negro, levando avós e filhos... Pediam à Nossa Senhora que abrandasse o coração daqueles que os tomavam por seus inimigos. Eles eram pessoas de fé!
O milagre então aconteceu! Os espanhóis estavam armados, dispostos a expulsar a todos dali, foram preparados para enfrentar resistência, e o que viam? Um povo entre lágrimas, mães segurando crianças, homens amparando velhos, todos rezavam com fervor... Que importava então se eram ciganos, misturados com a raça dos mouros, hereges e anárquicos? Ali se via apenas um povo sofredor! A fé não era a mesma? Os ciganos também eram filhos de Deus! Ante o poder do andor da Virgem, baixaram as armas, tiraram os chapéus e se uniram aos ciganos na procissão que eles faziam. A ira dos espanhóis tornou-se benevolência e a tristeza dos ciganos transformou-se em alegria. Os dois povos se juntaram e o cortejo entrou triunfante na cidade e dirigiu-se à Catedral. Renderam graças a Virgem Maria por haver trazido a paz, na cidade de Toledo. Neste momento a imagem de Nossa Senhora começou a sorrir, e afim de perpetuar esta graça tão singular, foi instituída a festa de Nossa Senhora da Paz no dia 9 de julho. Não se sabe se os ciganos tiveram a ver ou não com o sorriso da estátua, mas ele aconteceu... Em Toledo, até hoje, Nossa Senhora da Paz é chamada de Nossa Senhora do Sorriso, e é sempre invocada quando existe discórdia, divisões, e desentendimentos entre as pessoas.

PALAVRA DE ZEUS!!!





Oráculo dos Dados - Parte 1

Conceito e História

CLEROMANCIA – Sistema divinatório com funções oraculares que utiliza cubos (dados) numerados ou escritos, feitos em variados materiais, lançados sobre uma superfície plana. As respostas são dadas pela contagem dos pontos e seus respectivos significados.
( Sinônimos: dadomancia, cubomancia, astragalomancia.)

Conta a lenda que os dados surgiram no Oriente através da civilização sumeriana. Sua verdadeira origem é desconhecida, sabendo-se apenas que variados povos de diversas regiões do mundo também os utilizavam para adivinhar o futuro.
Conta uma lenda grega que Palamedes, filho de Náuplio, rei da Eubéia, foi educado pelo sábio centauro Quíron, e dele recebeu conhecimentos de medicina, matemática, astronomia e magia. Quando a bela Helena desapareceu de Esparta, o inteligente e responsável Palamedes consolou Menelau, o marido dela, que enlouquecia de dor e ódio. Engajado na guerra que se seguiu – a famosa Guerra de Tróia -, Palamedes procurava manter o ânimo das tropas durante o longo cerco. Numa noite, o astuto príncipe ensinou a seus homens a arte de prever o futuro utilizando pequenos e lúdicos objetos cúbicos, com as faces marcadas. Daí vem o registro de que a civilização grega, em especial os soldados, praticavam essa arte. Havia também um outro tipo de jogo com dados, específico para a vida amorosa, consagrado à deusa Afrodite e interpretado pelos seus sacerdotes e sacerdotisas. Outras vertentes dizem que os dados cúbicos foram a substituição dada a fragmentos de ossos marcados com sinais e letras, lançados ao solo, o que se denominou astragalomancia.Sabemos também que os homens das tribos ciganas e os piratas costumavam carregar sempre seus dados nos bolsos para predizer o futuro e tomar decisões. Inclusive devemos ao Povo Cigano a difusão desse oráculo por variadas partes do mundo. Na Europa, sobretudo na França e na Espanha, muitos jogavam com freqüência, hoje em dia poucos grupos sabem. Entre os ciganos, em sua maioria, os dados são jogados pelos homens, por conta do caráter rápido, objetivo e prático de suas respostas. A versão cigana da origem dos dados diz que eles vem da Índia, onde cada face estava associada a um elemento da natureza, fornecendo assim a chave das respostas. Ao passarem pelo Egito, os ciganos fizeram novas associações, fala-se até que os dados são mais antigos que o Tarot, ou seja, são “os ancestrais” dos jogos de Tarot e Baralho Comum que conhecemos hoje. Na Idade Média, as tribos ciganas entraram na Europa vindas do Oriente, chegavam de todos os lados, com suas carroças e seus instrumentos musicais. Nas feiras populares, vinham trazer sua música e sua dança, ganhavam dinheiro vendendo filtros e poções. As ciganas liam as mãos e os ciganos jogavam a sorte com três dados sacudidos num copo de couro.

Gitano!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

El bailaor...

Uma vez, tive um sonho... Entre as poeiras dos tempos, entre as sombras das vidas... Me vi numa taverna cheia... Mas eu não era eu. Eu era outro. Eu era parte do que sou hoje... Era outro, mas era eu. Exótico. Esse alguém-eu levantou-se. O olhar de fera tinha paixão, lascívia e fúria. Desafiava os expectadores. Neles, se sentia todo tipo de emoção: amor, desejo, despeito, ódio, raiva... Como era possível que aquele cigano vagabundo ousasse encará-los daquela forma, eles, que eram pessoas de respeito e que trabalhavam de sol a sol? Que iam nas missas aos domingos? Enquanto aquela gente pagã e imunda vagava de terra em terra, entre embustes e mentiras, entre ilusões e desregramentos? Olhares expectantes... O gitano caminhava por entre a penumbra. Um gole de vinho, um trago num cigarro vulgar. Um olhar para o músico. Um passo certeiro. Escalou a cadeira. Ganhou a mesa, chutando a garrafa. Uma gargalhada. Será que ele já está bêbado? Não, estava apenas cansado daqueles olhares, dos olhares daquela gente porca que nada sabia da vida, que o julgava pelo ouro dos dentes, pela abertura da camisa, pelo cravo displicente guardado no peito. Que eles nem sabiam o que significava. Seu riso agora era irônico, era o riso de quem ama e espera, de quem não sabe nem se acordará no dia seguinte... Um momento de silêncio, o cenho fechou-se. Os olhos de fogo brilharam enigmáticos. A guitarra chorava uma soleá... Que falava de toda a angústia de uma alma livre, de toda a aflição da saudade de uma terra desconhecida, de uma terra onde cada um pudesse ser apenas o que era. Onde todos seriam livres, cada qual caminharia sua estrada. E dançaria... E a soleá arrancava lágrimas. Os olhares agora eram surpresos. A expressão era cada vez mais densa. O gitano espancava a mesa com os pés. Cada batida lembrava um golpe de adaga, cortava a alma, penetrava nos espíritos empedernidos, daqueles infelizes sem ambições e nem expectativas. Daqueles que sacrificavam mulheres e famílias, e filhos e honras por valores e bens, por ambições excessivas... Daqueles que ali entravam para fingirem o que não eram, para fugirem de si mesmos... Para esquecerem também que a vida não lhes sorria, tentando encontrar a felicidade entre copos sujos e braços estranhos... Daquelas que nada tinham a oferecer, que, vendendo o corpo mendigavam o amor que jamais teriam... O gitano batia o pé no compasso da soleá, sua expressão carregada falava de sua dor, de seu amor, da saudade que sentia do ser de luz que amava, mas que ninguém ali saberia adivinhar. Alguém de seu povo gritou. Um incentivo. A soleá ficou gravada no tempo. Virou um tangos... A expressão do cigano mudou. Agora ele se lembrava dos momentos felizes, os olhares o encaravam com um misto de surpresa e excitação, como ele trocava de cara tão rápido, estaria possesso por algum demônio? O músico sabia, não era demônio, era a essência do cante, era a essência da melodia, cada passo, cada volteio, cada arquear de braço ou de sombrancelha, cada vinco na face trazia a história e a marca, a essência e a pureza do sentimento que embalava seu sonho... E o povo sonhava. Com dias melhores. Com paixões ardentes que adoçassem a vida, com noites de prazer que fizessem esquecer as penitências, que fizessem esquecer que havia inferno e que eles iriam pra lá se o padre soubesse o que pensavam ou desejavam... O cravo caiu do peito do cigano, a música mudou de novo, a bizarra platéia agora não conseguia mais tirar os olhos dele, quem seria o próximo espírito que tomaria aquele corpo? Entre gritos e vozes, por fim, virou uma bullería. Na essência da palavra, um ritmo que burlava. O povo já ria, animado pelos gritos dos ciganos, estes, por sua vez, animados pelas palmas dos irmãos de raça, que sabiam exatamente o que o rapaz fazia, ali, em cima daquela mesa tôsca, naquele ambiente sórdido, as batidas do pé e das palmas marcavam o ritmo, os braços buscavam a liberdade... Uma bullería ardente e passional. Ensurdecedora. Infernal. As batidas eram como as batidas de seu coração, seu sangue pulsava numa sarabanda louca. O povo gritava. No último acorde, o final repentino... Choveram moedas. Choveram aplausos. Choveram sorrisos. Choveram elogios. O gitano, impassível. Seu suor escorria das faces afogueadas. Um sorriso ainda lhe brincava nos lábios, resquício dos momentos em que todo o seu ser era música, em que aquele espírito o tomava, aquele que chamaram el duende... Uma gargalhada. Que os expectantes não perceberam, mas os gitanos sabiam: não era para eles. Era deles. Uns parvos, uns tolos, que se deixavam impressionar por tudo o que fosse diferente, mas que no dia seguinte, lhes fechariam as portas, com seus ares canalhas. O cigano desceu da mesa. Olhar frio e indiferente. Contou as moedas, era o mínimo que merecia. Nova música recomeçou. Outra pessoa a bailar. Outra essência, outra história. Eternidade.

Respondendo...ORAÇÃO DE MACARENA

Antes de mais nada, desculpe o atraso, o blog andou meio parado por eu estar meio sem tempo, mas agora estou retomando... Essa oração que você comentou é a de N.Sra.Macarena, mas para pedidos de amor. Trata-se sim, de uma oração cigana, e está num livro entitulado: "PombaGira Cigana", de Maria Helena Farelli, editora Pallas. O ritual é conforme mencionado, reza-se por treze dias, de preferência com uma vela rosa acesa. Tipo assim: acenda a vela, faça a oração com fé, apague a vela SEM SOPRAR e acenda-a no dia seguinte, quando for rezar de novo. No décimo-terceiro dia, deixe-a queimar até o fim. É tiro-e-queda. Mas a gente não pode esquecer o seguinte: LEI DA ATRAÇÃO!!!!!!! Ela por si só já fala tudo. Não adianta estar mal e querer alguém. Não adianta querer uma pessoa perfeita sem fazer o mínimo para ser uma pessoa melhor e merecer isso. Não adianta achar que a vida é mar de rosas... Não adianta querer milagre sem fazer algo pra se melhorar. Acho que é por aí. (risos) Olha só, o tarólogo falando, parece até que saiu um Oito de Espadas... (risos) Já diz o povo gitano: O maior feitiço é a própria pessoa, é a capacidade que cada um tem de despertar afeto, de encantar quem gosta. Acho que isso fala tudo.
ORAÇÃO CIGANA PARA QUEM PROCURA UM AMOR
ORAÇÃO DAS TREZE VARAS DO AMOR
" Em louvor das três chagas da Virgem de Macarena,eu quero ser amado(a).Quero sim e serei. Das treze varas que serviram para fazer uma tenda para Virgem de Macarena, eu tiro uma, que é a que cobria o filho de Del. Em louvor a Virgem de Macarena eu tiro duas varas, que serviram de remo para a barca que trouxe os gitanos para a Espanha. E eu afasto meus rivais. E das treze varas eu tiro três, que protegem os calons na sua caminhada, uma da Virgem de Macarena, outra da Virgem das Angústias, e outra de Santa Maria Madalena. Das treze agora eu tiro sete, que é a Roda da Fortuna, que me abrira a sorte para os amores, e a quem eu amar serei fiel. Na terra e nos céus. Assim seja! "
(ORE ESTA DURANTE 13 DIAS À NOITE ANTES DE DEITAR...)