domingo, 10 de fevereiro de 2008

LEITURA DE TAROT GREGO COM ENFOQUE CONSCIENCIAL

Muito se fala a respeito do Tarot, esse conjunto de cartas desenhadas com diversos símbolos, cuja origem se perde na noite dos tempos e entre os véus dos mundos... Existem variadas vertentes de estudos que foram se criando e se desenvolvendo com o passar dos séculos, muitos povos utilizaram e difundiram o conhecimento do Tarot. Variadas releituras dos baralhos de Tarot foram feitas em diversos momentos, enriquecendo símbolos, porém sem alterar a essência original dos Arcanos. E entre essas releituras, surgiu o Tarot Grego, também chamado de Mitológico, que propõe um resgate ao estudo arquetípico do Tarot coligado à mitologia e religião dos povos gregos. Sabemos que cada mito grego carrega em si e em conjunto com suas histórias toda uma carga simbólica que descortina e revela os segredos e facetas da alma humana, de seus processos internos e anseios. Ou os Deuses de fato existem (seja dentro de nós mesmos ou habitando as planuras do Monte Olimpo) ou os gregos eram uns gênios, pois cada mito, cada alegoria traz um arquétipo do inconsciente coletivo dos povos e do homem, e isso se casa perfeitamente à sabedoria do Tarot. Esse instrumento poderoso acaba então servindo como oráculo, na acepção mais pura da palavra: como canal de comunicação com as Divindades, como porta de acesso ao Divino; como ferramenta de auto-conhecimento, pois todos temos a centelha divina, que nos garante a assistência e a providência da Espiritualidade, e já também que o lado espiritual, sutil , é nosso ponto de origem, estamos sempre ligados a ele por irresistível curiosidade e fortes laços. Em maior ou menor grau.

Partindo dessa premissa, nós compreendemos que uma leitura de Tarot é uma abertura no tempo, é um canal através do qual as “verdades”, ou as informações relevantes à individualidade do ser naquele momento serão transmitidos do mar do inconsciente para a realidade-terra do consciente, auxiliando a racionalização de certos processos interiores. E isso, interligando e intercalando os mundos, servindo também de canal aos mensageiros que velam por cada um, e para facilitar o reequilíbrio energético proporcionado pela compreensão das coisas. Colocando isso tudo em termos práticos: se uma pessoa reclama que não consegue se relacionar direito por ser muito possessiva ou intransigente, e não tiver consciência o suficiente para mudar essa característica, o Tarot entra como facilitador do processo de compreensão das causas e aconselha as mudanças que se fazem necessárias. Talvez essa mesma pessoa se saiba difícil, por já ter ouvido isso de fontes externas (mãe, amigos, coleguinhas, ex´s), mas não tem consciência do quanto isso prejudica seus relacionamentos, precisando aprender aí a flexibilidade e a temperança. O Tarot constata essa característica, essa realidade influente naquele momento em que a pessoa questionou, e dá meios que forneçam à pessoa a compreensão desse traço de caráter e a auxilia a se resolver, melhorando com isso a sua qualidade de vida e de seus relacionamentos.

O Tarot não faz milagres e nem mágicas, e nem revela cores secretas de lingerie ocultas sob a roupa. Isso dependerá do grau de vidência do profissional, e que fique bem claro: estudo e leitura de Tarot não estão vinculados com vidência ou mediunidade. Qualquer pessoa pode aprender Tarot e jogar muito bem. Os símbolos estão presentes em todos os seres humanos e nas facetas de suas vidas, portanto todos podem aprender, pois tem com o quê associar os conceitos. Da mesma forma que nem todos os videntes e médiuns usam Tarot´s. E do mesmo modo que muitos interligam as duas vertentes, a intuição aliada ao conhecimento, ou apenas usam o baralho como material de apoio onde focar a sua capacidade cognitiva. Outros mesclam tudo isso, outros não fazem nada disso e tapeiam incautos afiltos, cada caso é um caso, e não estou aqui para julgar o trabalho de outrem. Uma leitura de cartas não transforma as coisas com um passe de mágica ou revela apenas o que se quer ouvir, mas situa a pessoa dentro das espirais do tempo, de seus tempos interior e exterior. Auxilia e muito, no processo de auto-conhecimento, pois à medida que a pessoa se conhece e conhece seus mecanismos, entende mais fácil as respostas da vida e as leis da atração e afinidade, bem como as leis kármicas e suas raízes espirituais. E com isso, vive melhor.

O Tarot facilita a compreensão de fatos e fatores externos com base nos movimentos interiores. Faz visualizar as situações através de suas bases e fatores geradores, causas e efeitos, aconselhando o consulente a seguir pelo melhor caminho, uma vez que ele percebe e se conscientiza do fluxo das coisas. O Universo é redondo, tudo tem seus motivos, a única coisa que temos que fazer é parar e observar. Opta-se por decidir o melhor para si através de uma visão global e sistêmica da questão proposta. Muito longe de resolver a vida milagrosamente ou ser mero passatempo adivinhatório (e por conseqüência, aleatório), o Tarot não deve ser usado como muleta ou como ópio, e nem ser visto como imutável ou inquestionável, até porque o jogo reflete um momento, e todo mundo tem livre-arbítrio para escolher o que quiser para si e para sua vida. A compreensão que o Tarot traz está coligada a símbolos ancestrais, todo mundo sempre tem como associar e compreender. Por exemplo: se estivermos falando sobre como está a vida espiritual de uma pessoa, de como ela está conectada com a energia sutil, e sair o Arcano II, A Papisa, que no Tarot Grego vem como Hera, a rainha dos Deuses que presidia o casamento, ou como Perséfone enquanto guardiã dos segredos da vida e da morte, significa que, espiritualmente, o consulente está ligado à energia ancestral da Mãe Divina, presente em todas culturas. Um católico a chama de Virgem Maria, um umbandista a associará com Yemanjá, uma pessoa cética se lembrará da própria mãe ou de sua avó; mas a idéia que ficará no consciente é a coisa da proteção, do amparo, do colo, da conexão com o ponto de origem, entre outras coisas... E por aí vai, cada Arcano apresenta uma interpretação de acordo com o plano de existência onde aparece. E isso faz de cada leitura um mapa pessoal e único, pois é reflexo do momento.

Voltando ao exemplo da pessoa possessiva: se o jogo revelar que a possessividade e a intransigência se apresentam por conta de uma carência cuja origem advém de vínculos familiares e infância, e que essa possessividade é usada para mascarar uma fragilidade e um medo de abandono, a pessoa tem aí vários meios de resolver a pendência ou parte dela: reeducando os pensamentos e a postura; procurando um processo terapêutico específico; se resolvendo com as causas e pessoas que originaram o conflito para com isso se libertar; e por aí vai. E lembrando que o Tarot também é questionado sobre a solução, indicando aí padrões de pensamentos e atitudes a serem seguidas, e o reflexo disso em variados planos da vida. De nada adianta constatar um problema e não oferecer uma solução. E lembrando que: nesse exemplo que citei, todos os motivos expressos não são a regra, já que cada ser humano é único e individual, cada um reage de um jeito distinto às situações colocadas pela vida nos processos de aprendizado. E quem lê o Tarot tem que ter essa abertura para a diversidade do real.

Isso faz do Tarot uma ferramenta eficaz quando usada com fins terapêuticos, aliando-se a isso os aspectos lúdicos da Mitologia Grega, que tanto tem a ver com nossas raízes ancestrais e com a construção de nosso pensamento ocidental, e que tanto falam à nossa alma e à nossa consciência, independente e através dos tempos.

RUANO DE LA CALLE - Desenvolvo um trabalho sério há mais de dez anos, com enfoque consciencial, aliando ao Tarot alguns processos terapêuticos (terapia com cristais, geoterapia, florais, mandalas, cromoterapia, etc.) com o objetivo de ver e auxiliar o consulente como um todo, e para que, compreendendo a si mesmo e a seus processos, possa ter uma qualidade de vida melhor.
= Tarot Grego = Baralho Espanhol = Baralho Francês = Runas = Geomancia
* Atendimentos:
- Pessoalmente (local e domicílio)
- Por MSN ou telefone (pagamento: depósito antecipado sujeito à confirmação)
* Cursos: aulas VIP e em turmas – Apostilado

domingo, 3 de fevereiro de 2008

FLAMENCO!!!

O Flamenco é uma arte andaluza, típica dos ciganos da região Sul da Espanha (os chamados do grupo calé ou calon), sua expressão marcante é caracterizada pelo canto, pela melodia e pela dança, elementos esses que trazem em si a amálgama de vários povos que viveram e influenciaram a cultura espanhola: ciganos, judeus e mouros... Vibrante, passional, ardente... Hoje é um ícone da Espanha.

Muito da história de suas origens se perdeu na noite dos tempos, e isso se deve a vários fatores... A queda de Granada se deu em 1492, com a reconquista da cidade pelos reis católicos, que obrigaram todos os mouros a se cristianizarem, sob pena de expulsão. Tanto os mouros, quanto os ciganos (que adentraram a Espanha por volta do século XIII) e os judeus foram muito perseguidos pela Santa Inquisição durante todo o processo de reconquista total. A cultura cigana é ágrafa, tudo é transmitido de forma oral e de uso reservado às famílias, e o estilo musical flamenco sempre era considerado algo pertencente à ralé, executado pelas classes excluídas da sociedade espanhola, portanto, nada se escrevia sobre esse estilo musical, e nem tampouco era considerado arte. Acredita-se que originalmente o flamenco era só o canto (chamado cante), gutural, forte, lamentoso, dolorido, herança dos lamentos dos árabes e de suas orações cantadas... Herança dos mouros perseguidos que cantavam de forma desesperada e hipnótica...Herança dos gitanos que estavam nos cárceres ou em fuga... Ao cante, se juntou o toque, primeiro com palmas para marcar o compasso e depois com violão, la guitarra. A dança (el baile)veio em seguida, ou em conjunto com tudo isso, trazendo consigo o sapateado e os movimentos de braços, as expressões faciais que traduziam a alegria ou a revolta, as castanholas (herança dos címbalos de dedo dos persas) e a percussão.

A história diz que muito do que se tocava de música na Espanha Moura, que era chamada de reino de Al-Andaluz, lembrava em muito o flamenco... Tanto o canto, quanto o toque e a dança trazem em si a marca dos povos ciganos, que deram ao flamenco a cara com o qual ele ficou conhecido entre os outros povos. Inclusive o figurino, com cores berrantes e muito pano, os homens com suas camisas largas e coletes, as mulheres com seus vestidos de lunares e adereços mil. Toda a história da perseguição aos ciganos em terra espanhola se tornou o ritmo flamenco, criado como um protesto, como um grito que sai da alma clamando liberdade, clamando respeito, aceitação! Como um brado de revolta que ecoa... Como o reflexo da dor, mas também da resistência. A dança é altiva, agressiva, é como se os bailarinos estivessem se impondo ao mundo que rechaça e exclui. A própria palavra “flamenco” vem do árabe, e signica “camponês fugitivo”, numa referência clara ao contexto social conturbado onde ele estilo musical e artístico surgiu.

No século XVIII, o flamenco era restrito às gitanerías e tavernas, ou aos acampamentos e festas populares. No início do século XIX, começou a ser apresentado em cafés e nas tabacarias. Começou então a chamada época de ouro do flamenco, que foi mais ou menos de 1870 a 1910. Os dançarinos se tornaram grandes atrações, e os músicos que os acompanhavam, bem como os cantores, ganharam grande destaque também. E assim, o flamenco foi expandindo as fronteiras de Andaluzia e caindo no gosto de outras partes do mundo, dada a sua forte carga emocional e exótica. As migrações também contribuíram para essa difusão.

Apesar de ser herança de povos marginalizados, acabou virando referência de música e cultura espanhola. E nos dias de hoje cresceu tanto que muitas vertentes surgiram, e muitas coisas foram incorporadas no cante, no baile e na instrumentação. Houve fusão da dança com contemporâneo, clássico, jazz... Tudo de modo a valorizar a livre expressão, já que o flamenco é a arte que representa a busca pela liberdade... Ainda hoje, porém, existem os bailaores puristas, que levam na alma e no sangue as marcas de seus antepassados... Ciganos... Que eram perseguidos pelas leis espanholas, e se refugiavam nas grutas... Dentro da arte flamenca, existem variados ritmos, procedentes de regiões diferentes de Andaluzia, alguns são gerais, e transmitem mais a essência cigana... Cada ritmo denota uma forma de expressão diferente, bem como possui marcações musicais distintas. Por exemplo: o tangos é uma dança ardente, que abusa da sensualidade, as letras são temperadas de humor ou passionais. Quando é mais rápido, o tangos é chamado de tanguillo. A soleá é considerada o ritmo-mãe do flamenco, é uma abreviação de soledad, solidão. Os acordes são melancólicos, geralmente traduzem a dor de uma perda. As bullerías são ritmos de festa, com total improviso e interação de músico e bailaor, a palavra vem de burlar... A farruca era dançada nos tempos antigos exclusivamente por homens, é uma dança forte e marcada, o nome dela vem do árabe, e significa valente. As sevillanas são o ritmo tradicional de Sevilla, esse é um ritmo que já fazia parte do antigo folclore andaluz e foi aflamencado pelos ciganos, é dançada em solo ou pares nas feiras populares, é o ritmo mais popular. As alegrías tem um ritmo parecido com a soleá, só que são mais alegres. A zambra é uma herança do tempo dos mouros, é a dança que mistura elementos ciganos e árabes, tem muitas ondulações e transmite a idéia de mistério. A seguiriya é considerada o ritmo mais cigano do flamenco, seus acordes são fortes e doloridos, refletem uma grande melancolia, um desabafo, uma busca pela liberdade maior... E existem variados ritmos, alguns até já perderam na noite dos tempos...

Da mesma forma que ocorre com outras formas artísticas antigas, também acontece no flamenco uma espécie de debate entre o que é inovação e o que é purismo... Afinal, não temos registros consistentes... Muita coisa foi se mudando com o passar dos tempos... Creio que o principal, que também é o imerrodouro, é que o flamenco trata de individualidade. Cada bailaor dança do seu jeito, penso eu que o melhor do flamenco é o improviso, a expressão adequada de cada emoção individual naquele momento. A própria linguagem do flamenco é o que chamamos de “el duende”, que é quando a pessoa se deixa levar pela essência da melodia, e se expressa livremente...Como se estivesse num transe em que seu ser se mescla com a música, como se entrasse em contato com o que anima a melodia... Não estou dizendo aqui que a técnica não seja importante... Muito pelo contrário, é importantíssima, a dança exige preparo físico e muita consciência corporal, é um trabalho muito sério com o corpo, e tem que ser devidamente executada, com cuidados e critérios. E por tratar-se de uma dança étnica, cujas raízes advém dos povos que citamos, é bom conhecer a cultura, para compreender melhor como os antigos se expressavam, e como trazemos isso numa espécie de inconsciente coletivo para os dias de hoje. Já que a essência, “el duende”, é eterno e atemporal. Muito do que se discute hoje acêrca de técnica e improviso acaba cerceando a livre expressão de alma que o flamenco remonta em suas origens. Quem assiste a um baile flamenco sente e observa que a dança tem movimentos fortes, que são fruto de um grande incorformismo, com altos e baixos emocionais... Conforme já disse, é passional. Uma lenda cigana diz que os bailaores já dançam dentro do ventre de suas mães, ao som das batidas do coração dela, e que os sapateados marcam o ritmo das batidas de nosso coração em busca de liberdade; é uma dança vibrante, criada para lutar contra as perseguições... Usada como forma mais pura de expressão... Uma magia. Flamenco não é apenas tocar, ou bailar, ou cantar, ou os três juntos... Flamenco é sentir, é expressão, é forma de viver.