Embaralhando as cartas, retirei ao acaso o Arcano VI, que é denominado “Os Amantes”, ou “O Enamorado”... Tradicionalmente, essa carta retrata a dúvida e a indecisão ante os processos de escolha que a vida nos coloca inúmeras vezes no decorrer da existência, em graus cuja complexidade é variável. A simbologia também desse arcano é o resgate emocional, a doação, a capacidade de encontrar amor dentro de si, e ter a coragem de expressar isso externamente... O arcano VI nos fala que o amor é a única força capaz de nos humanizar, de nos ensinar de forma concreta, de nos fazer amadurecer e optar... Na vida, estamos sempre em contínuo processo de escolha, desde as coisas mais simples às mais complexas... Apenas de vez em quando é que nos damos conta de que tudo, absolutamente tudo na vida é questão de opção: a gente opta por se colocar numa situação; opta por se manter nela; opta por mudar... e assim, as coisas seguem. E andam, e a vida segue seu fluxo, e a gente aprende... Aprende que tem opções, que sempre temos algo a fazer para melhorar, para mudar... Aprende que o ser humano é movido pelo movimento e a estagnação não é estado natural de felicidade... E quem impulsiona esse movimento é o nosso poder de escolha...
Errar e se enganar nesse processo é normal e natural, afinal, estamos aqui nesse mundo para aprender, para tentar seguir o melhor... E a gente só consegue seguir o melhor e escolher a partir do momento em que temos senso de justiça. Em que temos bagagem e segurança para optar, e isso é algo que é construído aos poucos, sedimentado pelos ganhos e perdas, vitórias e pesares. Na realidade, a carta dos Amantes sempre nos diz que, na vida, as opções e escolhas são uma constante, são uma necessidade ao nosso crescimento. Porém, nem sempre estamos preparados para optar pelo certo... E qual é o “certo”??? Quem garante a nós que o “certo” é o certo, e que o “bem” é bom, que o que é “bom” faz bem? Tantos rótulos em cima de dualidades que não compreendemos em essência, mas nos perdemos em aparência...
Cada pessoa vê bem e mal de um jeito distinto... Temos que ter consciência da nossa fragilidade e de nossa força, da potencialidade enorme que temos em nós, e que, mesmo que não estejamos preparados para lidar com uma escolha, ou erremos dentro desse processo, o que temos como bússola é nosso coração. Nossa maior segurança e trunfo é saber que, quando se escolhe com o coração, quando se acredita naquilo que se escolhe e se quer, está certo. Não adianta nada concentrar força em opções que já passaram, ou que ainda não aconteceram... A partir do momento em que você opta por um caminho, automaticamente é apenas ele que existe... O “poderia ter sido” ou o “eu deveria ter feito” é uma ilusão, pois não estão acontecendo, o que existe é o hoje, o agora... Escolher com base naquilo que se acredita é a segurança de que tudo está dentro do fluxo da vida.